Pular para o conteúdo principal

Dei pra sentir saudade…



De repente dei pra sentir saudade
de uma coisa que quase não tive
quase nem sobrou...
Restos, pequenos, picados,
que neles me agarro
como se fossem rastros esquecidos

de alguém,
passos que podem me guiar
para um lugar mais além.

De repente dei pra sentir saudade.
Parece até que foi minha aquela vida
que li naquele livro,
a história que deveria ter sido minha.
Quem a roubou de mim?
Aquela casa, aquele quarto,
aquele amor, aquele jardim...
Tudo como sonhei um dia,
quando criança,
ali sentada na balança

sonhava com a minha vida assim,
igualzinha do livro que eu li,
pois é, claro que roubaram de mim!

De repente dei pra sentir saudade,
pois agora o tempo já passou.
Não tive aquela casa, nem aquele quarto,
muito menos aquele amor e tão pouco aquele jardim.
Minha vida não é o que eu li.
Sou outra personagem de uma outra obra qualquer,
talvez num livro empoeirado numa estante,
distante...
Mas com certeza, uma história interessante,
de uma mulher que sorriu, chorou,
brigou, amou, perdeu, conquistou,
mas que de repente deu pra sentir saudade...














Drika Gomes

Comentários

  1. Hj tb ando saudosa.

    É amiga, acho q este poema q agora te deixo pode bem nos definir.

    Por muito tempo achei que a ausência é falta.
    E lastimava, ignorante, a falta.
    Hoje não a lastimo.
    Não há falta na ausência.
    A ausência é um estar em mim.
    E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
    que rio e danço e invento exclamações alegres,
    porque a ausência assimilada,
    ninguém a rouba mais de mim.

    Carlos Drummond de Andrade

    Saudades dele miga...sentir de ausencia plena em mim.

    Bjos

    Erikah

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Nas teias

Ainda envolta nas teias do meu pensamento… Esse emaranhado tão bem traçado que eu sei, quer me levar para algum lugar, mostrar alguma direção. É mistério. Eu espero. Sinto. Ouço. Duvido. Chove quase sempre, é noite. Meu horizonte vazio, somente enxergo essas teias e tento encontrar a lógica. Não quero o meio de nada, procuro as extremidades. O centro me puxa como um imã  atrai  metal. Fujo. Esforço-me. Ainda não cansei. Estar no meio é ser alvo fácil. É morte. Sou a vida tentando escapar da armadilha. Drika Gomes

A casa de vidro

Ela não permitia invasões por isso ergueu um muro sólido e com cercas elétricas. A impenetrabilidade era sua maior arma. - Aqui nada entra sem permissão e só sai o que eu desejar. Na vizinhança haviam propriedades de muros baixos, outras apenas protegidas por uma frágil e ornamental cerca de flores, haviam também as que eram totalmente abertas, apenas um gramado na frente da porta principal, como se fosse um tapete de boas vindas para qualquer pessoa sentir-se convidada a entrar. Ela sentia-se indignada com tamanha falta de precaução e ingenuidade daquelas pessoas, em sua concepção era um erro fatal deixar-se vulnerável, era como ser ostra fora da concha, guerreiro sem armadura. Quanta burrice! Observava de sua janela, lá no alto, onde tudo podia assistir, pessoas entrando e saindo das casas vizinhas, uns entravam alegres e saiam gargalhando, outros entravam tristes e saiam sorrindo, as mesmas pessoas e pessoas estranhas. Tanta gente… Ela ali no seu mundo, sozinha, apreciava s...

Quem resiste?

Quem resiste, quando insiste? O ponto precisa da reta A letra precisa da frase O poema, do poeta... Quem resiste? O gesto necessita da mão O vaso do artesão A flor, do seu botão... Quem resiste?