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De tanto me sentir sem ti, me senti.



Um dia pensei que te necessitava, que me eras como ar, que na tua falta minha garganta secacaria e que meu coração iria petrificar. Um dia pensei que eras para mim, assim como o nectar era para o beija-flor e que sem tua vida na minha eu não me seria mais. Pensava, em tua ausência, divagando em amargor por um futuro negro e inóspito, um existir semi-morto, apenas um corpo, uma carcaça onde batia um coração cadáver. Um dia pensei que sem ti eu não era


De tanto me sentir sem ti, me senti. Senti que mesmo que partisse, eu permaneceria. Minha vida sem a tua vida é uma outra vida que é só minha – Entendi que os caminhos podem mudar, ficamos perdidos e confusos, mas quando deixamos de nos guiar pelo mundo e paramos apenas um instante para despencar sem receios nas profundezas das nossas entranhas, uma luz se acende no peito e então não vemos, mas sentimos, que sempre houve bem ali entranhada na alma, uma estrada, a que nascemos para seguir, a que nos foi dada como destino. E dela na maioria das vezes nos esquecemos ou nem mesmo nos damos conta de que existe. Caímos com frequência no erro mais comum: Colocar em outra vida a vida que nos pertence. É abandono. Suicídio!


Hoje sei, hoje me sinto. Estar ao teu lado não me pesa mais quanto antes, quando eu acreditava  que te necessitava. Não te necessito. Não é o ar que respiro, não é minha droga, nem meu êxtase. Quando eu me encontrei, passei a te perder e  perdendo-te, ficamos juntos.

Drika Gomes

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