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Mostrando postagens de julho, 2010

É o que chamam de amor

    Antes doía-me olhar-te, era como  penicar chaga minha e apertava os olhos, franzia o semblante… Sentia-me engolir à seco cacos pontiagudos que o coração não sabia digerir. Mesmo ferindo-me a fundo meus olhos procuravam pelos teus como sentissem fome dessa coisa amarga e viciante chamada dor. Tu mal sabias  que  cada olhar que me lançavas era flecha envenenada certeira e algoz no alvo do meu peito e eu somente suportava porque também eu não sabia haver em mim esse antídoto nefasto que chamam de amor. Drika Gomes

Parte pura del abismo

  Y yo, mínimo ser, ebrio del gran vacío constelado, a semejanza, a imagen del misterio, me sentí parte pura del abismo, rodé con las estrellas, mi corazón se desató en el viento. [Pablo Neruda] ___________________________ Nem sempre a chegada do sol é capaz de dissipar as nuvens não tão negras, mas densas e suficientemente capazes de cobrir nosso mais puro olhar. Sinto e vejo a sedução quase convincente desse profundo abismo e a luz que brilha no vácuo emite a visão dos loucos. Há nuvens, ainda assim enxergo aquilo que me apavora. Tenho ainda raizes de lucidez que me impedem o salto. Drika Gomes  

Provocas-me venda(vais)

  Ela pensava, sempre pensava demais e lá dentro vendavais! Quando? Ela perguntava-se. Quando vou conseguir pegar as palavras certas, pois passam tão depressa diante dos meus olhos como se fossem aviões no céu do meu raciocínio?  Ela queria um sentido lógico, uma razão, alguma coisa sólida e palpável que a fizesse compreender o que sentia.  Estava ali diante dela e ela não conseguia…   Drika Gomes  

Olhos de ressaca

Vamos nos entorpecer. Encher a cara de alguma coisa que nos dê uma visão fora da realidade. Vamos encher os copos de ópio e deixar que o líquido escorra da língua ao peito, afogando o coração, enxarcando as veias de um néctar absoluto que nos torna bobos e ao mesmo tempo lúcidos e ridículos. Venha, façamos um brinde à estupidez que habita os poetas, às suas palavras sem senso apenas compreensíveis aos que saltam precipícios e caminham sobre as nuvens. Embreaguei-me do fel  esquecido no fundo do pote de mel. Me fez acordar entrando em sono profundo. Cá estou com esses olhos de ressaca. Drika Gomes

Arisca

“Sou uma filha da natureza: quero pegar, sentir, tocar, ser. E tudo isso já faz parte de um todo, de um mistério. Sou uma só... Sou um ser. E deixo que você seja. Isso lhe assusta? Creio que sim. Mas vale a pena. Mesmo que doa. Dói só no começo." [Clarice Lispector]  

Um lugar sagrado

Tem um mundo aqui dentro que ninguém toca, ninguém vê: Minha gaveta de segredos… Porque tem coisas, gentes, gestos, momentos que são meus, apenas e tão somente meus. Abro a gaveta todos os dias e aprecio, olho, pego na mão sinto o cheiro, o gosto, acaricio, às vezes choro, outras sorrio… e guardo. É uma gaveta firme e forte, tem cheiro da minha alma. Mantenho a chave dentro do peito e essa chave ninguém alcança e se um dia tentarem eu fujo… Todos nós temos um quê de intocável lá no fundo…  Um lugar  sagrado que só compartilhamos com Deus ou com o diabo.

Do que me fascina…

  O azul me fascina e todo mistério do mar Lugar onde não sou de ninguém Ele me acolhe, me deixa ficar… É um caso de amor Um laço, um desafio É um pernamecer singelo Um encontro, um elo Uma conexão de almas Marés todas, as intensas, as calmas O que me provoca êxtase e admiração É isso que sempre ganha meu coração.   Drika Gomes  

Que la lumière soit!

    Porque diamantes são eternos.

Tudo é mistério nesse seu voar…

Ela deu marcha ré… Lembrou que havia passado por um desvio, não havia placa avisando para onde a estrada ia.   Melhor assim – pensou.  O desconhecido era o seu fascínio. Só então se deu conta de suas asas que só pediam espaço e vento… Quando o mistério sai pela porta, o desencanto toma conta do ar. Drika Gomes  

Ser mulher

  Ela parece que dança vai distraída e sem pressa pé ante pé molhados de mar segue com o vento a leveza dos passos  observa o nada em meio a tanto tudo e na areia macia deixa ali a marcar toda suavidade e sensualidade do andar e solta os cabelos que o vento afaga como quer olha o horizonte e como uma prece agradece por ser mulher. Drika Gomes