Quadro Negro

O que passou, passou, não importa. Ficou do outro lado da porta pra nunca mais... Será? Esse é apenas um trecho de uma letra de música e eu me pergunto até que ponto realmente o passado deixa de importar? Será que conseguimos por vontade própria ignorar acontecimentos ruins? Sim, porque dos bons não tem necessidade de esquecer. Quando será que acontece aquele momento em que não se sente mais dor ao cutucarem a velha ferida ? Quando as recordações deixam de embrulhar o estômago? Cada vez mais me convenço de que não adianta apenas uma boa dose de vontade, mas é preciso contar com aquele velho sábio chamado tempo.   Até que ponto vale a pena entrar de mansinho naquele cômodo cheio de lembranças e remexer no baú que ainda nem teve tempo de ficar empoeirado? Por que a gente pensa que ainda pode ser útil aquilo que abandonamos, deixamos para trás? Apego? É... acho que pode ser. Será que vale a pena reler um livro do qual apenas as primeiras páginas foram realmente interessantes e todo o rest

Sou a chuva fina que cai silenciosa deixando úmido o muro frio que se ergue diante do seu olhar, Sou as gotas frescas que começam a pingar nesse chão empoeirado de tantos medos que se arrastam e se escondem sob a mobília. Sou a chuva, água densa que chega e toma conta dos seus cantos, que se espalha, molha e enxarca todas as asperezas dos seus espaços e é tanta a água... Sou um lago profundo e claro, mas se não aprendes a respirar imerso, me afogas em ânsia de ar. Drika Gomes

-Arrasou! - disse a menina para a mãe, assim que ela saiu do seu quarto toda arrumada. - Filha, por que está dizendo isso? - Perguntou a mãe muito curiosa. - Oras, eu sei que você está linda. - Ah é? E pode me dizer como sabe disso? -Oras, que pergunta mãe... Não é porque sou cega que eu não te enxergo. Existem pessoas de visão perfeita, que abrem os olhos todas as manhãs, se olham no espelho, podem ver o mundo, mas não exergam. O ato de enxergar vai muito além de simplesmente olhar, quem enxerga, entende, sente, quase toca no outro apenas com a sensação. Não se enxerga com os olhos, mas com a alma. Drika Gomes

As pessoas se relacionam por interesse, pura e simplesmente interesse! Que ninguém se iluda, até os  corações mais apaixonados se envolvem por interesse, ela se relaciona esperando atenção, afeto, sinceridade e fidelidade, ele esperando que ela seja capaz de suprir todas as suas expectativas e necessidades por mais primitivas que sejam. Cada um apenas preocupando-se com o que o outro poder dar, nem se quer acham importante o que o outro realmente é, no que outro pensa, o que outro deseja e sente. As pessoas sempre esperam ter suas necessidades preenchidas por alguém. Não nascemos para corresponder expectativas de ninguém, estamos neste mundo para sermos o melhor que pudermos para nós mesmos! A vida que temos é preciosa demais para a disperdiçarmos realizando desejos alheios ou colocando tapete vermelho para que os outros pisem. Que cada um cuide da sua vida e seja capaz de preencher seus buracos sem depender dos outros, sem esperar demais das pessoas, sem viver na cobrança, sem exigir

  Do lado de cá, eu vivo tranquila E o meu corpo dança sem parar Do lado de cá tem música, amigos e alguém para amar...

Veio com passos tão tranquilos pisando nos meus espaços, quase nem deu para sentir que chegava perto, bem perto... Eu que já sabia o quanto inútil era construir muros, me acostumei a deixar sempre entreabertas as portas. Não sentia necessidade de as trancar, pois novos ares gostavam de atravessar as frestas,  mas apenas os aromas permitia passar. Silencioso, cauteloso... pensou ser meu chão feito de vidro? Claro que sim, afinal tantas vezes esquivei-me de suas visitas. Não temas, tudo era um medo cinzento de te ver pintando minhas paredes da cor que tanto me assustou, mas hoje sei, a cor nunca foi o problema, o desastre só nasce das mãos de quem pinta. Drika Gomes

  Tente. Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto, uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem. Pelo menos sorria, procure sentir amor. Imagine. Invente. Sonhe. Voe. "Caio Fernando Abreu"