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Mostrando postagens de maio, 2010

Reflexões…

A casa de vidro

Ela não permitia invasões por isso ergueu um muro sólido e com cercas elétricas. A impenetrabilidade era sua maior arma. - Aqui nada entra sem permissão e só sai o que eu desejar. Na vizinhança haviam propriedades de muros baixos, outras apenas protegidas por uma frágil e ornamental cerca de flores, haviam também as que eram totalmente abertas, apenas um gramado na frente da porta principal, como se fosse um tapete de boas vindas para qualquer pessoa sentir-se convidada a entrar. Ela sentia-se indignada com tamanha falta de precaução e ingenuidade daquelas pessoas, em sua concepção era um erro fatal deixar-se vulnerável, era como ser ostra fora da concha, guerreiro sem armadura. Quanta burrice! Observava de sua janela, lá no alto, onde tudo podia assistir, pessoas entrando e saindo das casas vizinhas, uns entravam alegres e saiam gargalhando, outros entravam tristes e saiam sorrindo, as mesmas pessoas e pessoas estranhas. Tanta gente… Ela ali no seu mundo, sozinha, apreciava s

Chegar lá

  O que se há de fazer quando o caminho que queríamos e que estávamos acostumados a seguir já não  pode mais nos levar adiante? Segue-se por ele mesmo sabendo que talvez nunca chegaremos ao nosso destino? Qual a motivação de fazer essa escolha? A gente muda o trajeto quando vemos que a estrada está congestionada, ou que um deslizamento enorme a bloqueou, afinal para quê perder tempo se podemos fazer outra escolha, ter outra opção onde o caminho é livre? Não é desistência, é consciência. Quem escolhe seguir adiante por uma estrada bloqueada é porque lá no fundo não quer chegar a lugar algum. Eu quero uma estrada livre que me deixe dar passos adiante, por onde possa correr se eu quiser, caminhar dando pulos ou simplesmente andar tranquilamente, mesmo que haja um obstáculo ou outro, não importa, pois eu sei que mesmo assim eu chego lá.  

Atreva-se!

Atreva-se se for capaz Abra as cortinas dessa alma intensa Talvez não seja nada do que pensa Mas sou inteiramente de mim.  Me olhe por de trás dos seus sonhos e enxergue de verdade todo o meu ser nua, em pele e sangue quente essa que pensa ser serpente é apenas e simplesmente mulher Toque, sinta, pegue esta bem a sua frente é a verdade minha cara sempre esteve aqui para ser vista Não faz de mim um sonho, desista não sou caricatura de artista Sou esta que só pede para você me olhar Quem sabe assim você entenda que tudo que fez foi um delírio e desvende de vez em mim o que te apavora e reconheça que passou da hora que já chega de olhar essa cicatriz e que hoje é tempo de ser feliz.

Vem…

  A dança do amor só acontece quando os dois estão juntos e os passos se sincronizam. É preciso que ambos saibam dançar, pois não basta ser conduzido, os gestos só ganham harmonia no movimento em conjunto. É preciso que haja troca, é preciso que haja cuidado, é preciso que haja um brilho no olhar. Eu amo feito cisne que desliza e te convido… me dê a mão? Dança comigo, amor, ao som desse bater do coração que pede enlouquecido para que tire dos pés esse peso e que se deixe voar… Voar pelo chão, porque quem ama tem asas no coração.

Do lado de dentro

  Passou o tempo, as ondas do mar continuam as mesmas. Aqui da janela sinto o mesmo aroma, a mesma brisa, vejo a  mesma águia a voar. O sol também é o mesmo e o calor continua igual. Tudo está exatamente como sempre foi… E me volto para dentro, tudo tão diferente… a mobília é outra, adquiriu uma cor sóbria, os cômodos estão maiores e pela janela entra mais luz. Os retratos na parede mostram outros rostos, figuras do passado em momentos que eu fui feliz ao lado de rostos do presente, uma mistura de tempos que me mostra quem fui e sou e que faz gritar em mim a pessoa que eu quero ser. Drika Gomes

Precipitando…

    Está comigo e seguro firme, mas pesa tanto… se não me esforço, é precipício. Drika Gomes

Suéter azul

Fazia frio e aquele vento que soprava em seus cabelos trazia-lhe o cheiro das memórias quase esquecidas. Um aroma úmido que congelava-lhe a face enquanto aquecia o coração. Sensações do que já fora e a saudade de um tempo em que em pleno inverno tudo era quente, ardente e cripitante. Ela podia lembrar-se da maciez daquele suéter azul, do perfume suave de roupa limpa, da cor dos olhos dele em contraste com o verde daquelas folhas no parque. Caía uma fina garoa naquela tarde fria, ela tremia mesmo estando envolta nos braços dele e aquele suéter azul pousou nos ombros dela, assim como o sol quentinho aparece quando a espessa nuvem se esvai. Sairam às pressas para protegerem-se do frio, ela sempre nos braços dele. Chegaram ao carro e o beijo aumentou a temperatura de seus corpos. Depois daquele jantar seguidos de vinho e uma noite de amor, deixaram-se. Ela sabia que podia ser para sempre e enquanto seu coração chorava mantinha seco seu olhar, lágrimas não resolveriam, tudo que ela mai

Subir, subir…

  É sempre tempo de subir degraus, às vezes a gente escorrega e desce alguns nessa escadaria da vida e só percebemos porque a descida nunca nos faz bem, descer é retrocesso, é perda de tempo, é repetir de ano, é voltar para aprender a fazer direito a lição. Mas de repente pode ser necessário esse olhar para trás para podermos então enxergar onde erramos, nos depararmos com nossos defeitos e falhas e ter coragem suficiente de admitir que erramos sim, mas que podemos melhorar e a gente sabe e sente que é apenas assim que podemos dar o passo seguinte para subir. É burrice viver andando para trás porque todas as coisas que temos a descobrir na vida estão lá na frente.     Drika Gomes