Oi, vem, entra… Sei que deixei a porta muito tempo trancada, é que estava um tempo muito estranho lá fora, fiquei com medo de todas aquelas nuvens escuras e minha pele estava tão sensível que parecia que os ventos me atravessavam a alma, sentia tanta dor que me cansei de chorar. Senta aí, desculpa a desordem e todas essas coisas amontodas, eu as ganhei, apareceram no meu caminho e eu sem saber o que fazer delas, fui juntando. Olha só como a casa está repleta de quinquilharias! Me tranquei aqui para me preservar e de repente começaram a surgir, através das paredes, essas coisas. Quer beber algo? A verdade é que a única bebida que tenho aqui é esse líquido verde, mata a sede, mas é amargo. Não tenho nada doce e nem mesmo insípido para oferecer. Por favor, não toque em nada, tudo aqui é muito frágil. Ontem mesmo destruí uma janela ao tentar abri-la e a dor que eu senti foi intensa. Não entendi como pude sentir isso, não consigo entender essas coisas.