Tem aqueles dias que parece que a vida se resume a uma estrada reta e bem curta, onde da janela da sua casa consegue ver sua rua inteira, todas as casas vizinhas, todas as pessoas que passam, nenhuma novidade e até mesmo o vento parece que sopra sempre na mesma direção e então você fica de olhos estatelados esperando algo que surja dobrando aquela esquina, alguma coisa que te faça por alguns instantes perder o fôlego ou respirar bem fundo, fica na expectativa de ver chegar aquilo que te dê o direito de duvidar das suas certezas, de questionar todas as suas convicções e por à prova uma ou duas pequenas possibilidades de dizer: Ok, eu estava errada...
Ele chegou dentro de uma enorme capa de invisibilidade, enganou quase todos os meus sentidos porque mesmo eu sendo uma criatura totalmente distraída, senti o cheiro da inquietação dobrando a esquina e meu coração atrevido já detectava uma presença, que apesar de estranha, sentia vontade de lhe sorrir com todos os dentes escancarados. Num susto meus pelos todos se arrepiaram e na verdade não sabia se era medo, curiosidade ou aquela vontadezinha de frio na barriga que nasceu comigo no meu parto forceps, mas eu disse: Aí vou eu! E entrei de cabeça, do mesmo modo que nasci - quis nascer ao contrário. Se é pra ser então que SEJA! Dentro, pleno e profundo porque minhas intensidades não me permitem a sutileza das derivas e planícies, vou invadindo onde eu possa caber, apenas porque eu preciso sentir até que ponto me esparramo e certamente só irei parar quando sentir que não existe mais ar pra respirar.
Tem aqueles dias que a vida parece uma estrada sem fim...
Drika Gomes
Drika Gomes
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