Aquele mar era tanto e intenso...
Para onde as ondas tempestivas a levavam? Já não encontrava mais espaços para um suspiro de alívio, ao final de cada tormenta surgia apenas um vislumbre de calmaria, as águas pareciam descansar. Breve engano. Sua alma novamente se agitava num súbito maremoto. Coração batendo atordoado, sangue borbulhando nas veias e aquela vontade quase insuportável de abandonar embarcação. Quisera criar asas, subitamente, soltando um grito libertador atravessado na garganta e lançar-se num vôo sem rumo, onde não existisse tamanha incerteza e desespero.
Mas não tinha asas e não havia mágica que a fizesse voar, a sua realidade era o mar, aquele mar, profundo e instável que lhe tirava a calma e fazia seu espírito tremer de dor, aflição, paixão e prazer. Não, ela não nasceu para os ares. É fígura mítica, metade sereia, metade dragão. Nasceu para os mares de emoção.
Drika Gomes
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