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A Carta


Olá, como vai você? Faz tanto tempo que não te encontro. Não sei mais nada de você. Antes, me lembro bem, costumávamos ser confidentes, você sempre me dizia tudo que se passava contigo e eu amava te ouvir, adorava suas histórias loucas, muitas delas hilárias, outras um tanto trágicas, mas sempre incríveis e cheias de vida. Sinto saudade disso, sabia? Hoje você anda tão ausente... Se esqueceu de mim?

Me pergunto se é feliz, se conseguiu ser a profissional que desejava, fazer aquele curso, se formar e tornar-se uma escritora conhecida. Sabe, sempre ando pelas livrarias, ainda não vi nenhum livro seu... Me pergunto se encontrou aquele grande amor que tanto te ouvia dizer que queria, que o homem dos seus sonhos tinha que ser alguém tão intenso e cheio de vida quanto você. Será que o encontrou? Fico imaginando se você ainda gosta de sair por aí sozinha, entrar nas livrarias e ficar ali alienada em pleno êxtase, ainda faz isso? Você ainda costuma ir visitar aqueles seus amigos divertidos com quem passava a noite inteira conversando e rindo? Puxa, como eu adorava essas histórias que me contava, me divertia tanto!

Sinto falta daquele seu jeito despojado, que sempre tirava sarro de tudo, aquele jeito alegre que contagiava quem estivesse por perto e deixava as pessoas encantadas. E aqueles casos maravilhosos que você tinha, hein? Nossa... você me contava cada coisa! Era um homem mais lindo que outro, mas claro, por cada um deles você acabou se apaixonando e viveu os momentos que teve vontade. Você aproveitou a vida! Puxa... E como você era feliz por ser assim. Inteira! Exuberante, sensual. Adorava ser admirada e ter os homens aos seus pés. Me diz, você continua assim?

Vê se aparece! Quero te encontrar denovo e matar a saudade. Quero ver essa mulher que eu admiro tanto. Sinto falta das suas palhaçadas, do seu modo despachado de falar tudo que sente vontade na cara. Sempre te admirei por não levar desaforo pra casa, por ser geniosa sim, mas totalmente você mesma.

Me procura, tá? Sabe onde eu estou. Sempre soube.

Beijos e abraços infinitos...

Ass: sua ALMA.



Drika Gomes

Comentários

  1. Refiro-me a essa mistura
    de alma e de mim que espalho por
    entre as tintas a que roubo a minha
    imagem; e é como se nascesse de
    destroços, de um campo de batalha
    de formas e memórias, de ruínas
    em que recolho sombras e ervas,
    para as colar sobre a minha pele,
    criando o que dizem ser, por um
    efeito de realidade, eu.
    E não sei o que vejo, quando me
    olho: se eu sou esta que me
    oferece o seu reflexo, ou se é ela
    que sai de dentro de mim e se
    atravessa na minha vida, como
    se quisesse roubar-me a mim própria
    Mulher.
    Ocupa o centro, como um candelabro;
    e a luz que nela se acende transmite-se
    ao corpo, que brilha como oculto
    diadema.

    Vi-a, uma noite, sob o clarão
    imenso do horizonte; desde então
    apanho os fragmentos da sua imagem,
    e colo-os de memória.

    O seu rosto, porém, mantém-se
    intacto sob as ramagens do tempo,
    enquanto afasto folhas e flores para
    o olhar num puro instante.

    Que ela seja o alfa e o ómega
    de todos os que sofrem de solidão;
    e o seu ventre fecunde a terra
    estéril da ausência.

    Nuno Júdice.

    Não sofra com a presença da ausencia de si mesma...esteja pesente sempre, não na memória, mas em si mesma, a cada hora do teu dia....só podemos ser quem somos. A essência... essa ainda existe, arraste o moveis, vasculhe todos os cantos, procure-a nas gavetas de ti, nos amários, dentro dos livros que costumavam ler, nos lugares que costumavas visitar em ti, ela está aí, em algum lugar escondida...não te permitas esconder-te de ti mesma...reapareça...seja!

    Eu aqui, sempre do lado da pessoa que tu és harmonizada com a pessoa q tu foste, vendo-te orgulhosa em ser.

    Bjos

    EkaH Azevedo

    ResponderExcluir
  2. Quem é essa
    que me olha
    de tão longe,
    com olhos que foram meus?
    .
    Helena Kolody

    ResponderExcluir

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