Sim, eu aceito. Quero seguir esse caminho que não me dá nenhuma certeza, não sei onde vai dar, não faço idéia nem de como vou caminhar, mas estou caminhando nesse chão tão impossível. De repente eu afundo, mas pode ser um mergulho que me refresque, onde eu possa pousar nas costas de um golfinho ou me apavorar fugindo de um tubarão. Seja lá como for, é um risco e eu amo viver perigosamente.
Sim, eu aceito não ter asas, nem sustentação. Eu quero mesmo essa agonia batendo no peito dia e noite e não ter nenhum horizonte adiante. Tudo que me faz viva é viver de hoje tendo o amanhã como caixa de surpresa que abrirei no tempo certo.
Sim, eu aceito essa constância inconstante, essa brisa norte-sul que me arrepia a pele, esse medo palpitante que instiga minhas células e todo esse azul dos seus olhos que me afoga e me faz flutuar.
Sim, eu aceito, mesmo porque já havia concordado muito antes de pedir-me, desde o dia em que minha alma grudou na sua porque achou que você era o céu do meu inferno.
Sim, eu aceito seus pés junto dos meus, suor e ventilador, toalhas macias perfumadas e os lençóis amarrotados. As gavetas desajeitadas, a vidraça com vista pro mar, o arroz com brócolis e os ovos que não vou fritar.
Sim, eu aceito a cara amarrada e as declarações que não espero, deitar pele colada na tarde de chuva e acordar no meio da noite dizendo bom dia.
Sim, eu aceito que se recorde de mim quando ouvir falar de chuvas, de névoas ou do brilho do sol.
Sim, eu aceito porque minha lucidez já nem existe, se existisse eu não andaria sobre as águas.
Drika Gomes
Amor. Bolinhas de sabão. O som de copos com água. O som das gotas no chão. Um sorriso tímido. A música por trás dos ruídos. Um coração encostado no outro. Um ou dois para sempres. Um avião nas mãos de um menino. Um barquinho de papel. Uma pipa atravessando as nuvens. Uma sementeira de tulipas. Um mingauzinho de aveia. Um par de meias listradas. Dois ou três cata-ventos. Uma palavra inventada.
Rita Apoena
Há um tipo de amor que te torna o melhor que pode ser e que te faz ter a coragem para acreditar que tudo é possível.
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