Sempre achei que o amor fosse como uma linda rosa de cristal. Um objeto para ser admirado, protegido e guardado. De tão delicado ser algo que até sentimos medo de tocar, pois qualquer movimento mais brusco ou desastroso poderia destruí-lo, mas como poder desfrutar e viver um amor de maneira tão meticulosa? Controlando os gestos, o tomando na mão com tanto zelo ou então apenas o observando de longe como se fosse uma estrela? Para amar precisamos ser naturais, é preciso que tenhamos com o amor uma intimidade tal como a menina tem com sua boneca preferida e o menino com sua bola de futebol. Amar é ter proximidade, é pegar, mexer, jogar pro alto, mudar de lugar, guardar no bolso, esconder no armário, levar para passear. É só assim que a gente ama, às vezes a boneca quebra um braço ou uma perna de tanto que brincamos com ela, a roupinha se rasga, a boneca se suja e a menina troca a roupinha dela, coloca o braço no lugar e no dia seguinte vai brincar com ela denovo. A bola fica arranhada e encardida, o menino a lava e deixa no sol para secar, no dia seguinte, no final da tarde lá está a bola toda destroçada. O brinquedo mais amado de uma criança é aquele com que ela mais brinca? O vestido que uma mulher mais adora é aquele que ela deixa pendurado no guarda-roupas e fica olhando para ele todas as noites? O amor não é um objeto nem um brinquedo, mas é para ser vivido, sentido, tocado e saboreado. Só sabemos a real experiência de amar quando nos permitimos deixar de olhar para aquele cristal frágil e tomamos o amor nas mãos como se ele fosse aquele brinquedo preferido da nossa infância.
Drika Gomes
Pergunta sem resposta.
ResponderExcluirSentada no seu quarto, ela começa a perguntar:
- Qual é a cor da solidão?
Monique Targino