Da minha infância, as brincadeiras de rua, o pega-pega, o soltar pipas, o carrinho de rolimã que meu irmão fazia. O meu balanço de assento vermelho feito por meu pai... Ah que saudade do meu pai. Saudade dos tempos em que a palavra preocupação não fazia parte do meu dicionário e sentir estresse era coisa pra gente velha, aliás, na minha infância nem se falava em estresse, as pessoas apenas ficavam zangadas, cansadas ou mal humoradas. Lembro que quando criança, via meu pai de cara feia e minha mãe dizia: Ah, deixa ele, hoje seu pai está com a lua! Hahaha, coitada da lua, cada expressão mais esdrúxula se usava para dizer que alguém estava azedo, hoje dizem que é estresse, só acharam uma palavra mais chique.
Sinto saudade sim, dessa época mágica e feliz. Por que quando a gente cresce faz a magia desaparecer como se fosse mágica?
Tenho saudades que às vezes mato quando cismo de assar um pão em casa, aquele cheirinho tomando conta de tudo me traz lembranças de uma menina sentada à mesa da cozinha ouvindo as conversas da mãe enquanto esperava ansiosa o pão sair do forno.
Quando chove numa tarde quente, não me contento em apenas assistir da janela. Saio correndo e vou me banhar na chuva e então reencontro aquela menina que vivia brincando na rua e só voltava pra casa quando o sol também ia embora.
São esses os feitiços tão simples que nos trazem de volta aquela criança que fomos e que ainda somos porque ela vive fechada dentro dessa casa chamada adulto e espera sempre de olhinhos vidrados a chance, ainda que breve, de poder brincar na rua outra vez.
Porque essas coisas, pequenas coisas, que depois que a gente cresce podem nos trazer alguma alegria.
Drika Gomes
Oi Drika!! Adorei o seu blog! Fala de coisas preciosas!! Sentimentos e como sentimos o mundo. Amei o seu texto!! Lindo, leve, verdadeiro, doce, sensível.... Maravilhoso!!! Muitos beijinhos para você volto para te ver!
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