Um lago negro

Hoje vi um lago negro ao abrir a janela, pensei ter as vistas embassadas, mas o estômago embrulhado me alertava de que o ar estava estranhamente intragável. Tem dias que desperto e ainda é noite, sem luar, nem estrelas…

Havia um buraco profundo olhando direto pra mim e eu nem tinha saído de casa. A vertigem me fez voltar para cama, mas o tic-tac do relógio me agulhava as entranhas. A obrigação tinha hora marcada para me deixar de cara com o tédio. Me arrastei ao encontro do algoz.

Não há algo tão agressor e insupórtável do que contrariar a própria alma.

Drika Gomes

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