Pular para o conteúdo principal

De tanto me sentir sem ti, me senti.



Um dia pensei que te necessitava, que me eras como ar, que na tua falta minha garganta secacaria e que meu coração iria petrificar. Um dia pensei que eras para mim, assim como o nectar era para o beija-flor e que sem tua vida na minha eu não me seria mais. Pensava, em tua ausência, divagando em amargor por um futuro negro e inóspito, um existir semi-morto, apenas um corpo, uma carcaça onde batia um coração cadáver. Um dia pensei que sem ti eu não era


De tanto me sentir sem ti, me senti. Senti que mesmo que partisse, eu permaneceria. Minha vida sem a tua vida é uma outra vida que é só minha – Entendi que os caminhos podem mudar, ficamos perdidos e confusos, mas quando deixamos de nos guiar pelo mundo e paramos apenas um instante para despencar sem receios nas profundezas das nossas entranhas, uma luz se acende no peito e então não vemos, mas sentimos, que sempre houve bem ali entranhada na alma, uma estrada, a que nascemos para seguir, a que nos foi dada como destino. E dela na maioria das vezes nos esquecemos ou nem mesmo nos damos conta de que existe. Caímos com frequência no erro mais comum: Colocar em outra vida a vida que nos pertence. É abandono. Suicídio!


Hoje sei, hoje me sinto. Estar ao teu lado não me pesa mais quanto antes, quando eu acreditava  que te necessitava. Não te necessito. Não é o ar que respiro, não é minha droga, nem meu êxtase. Quando eu me encontrei, passei a te perder e  perdendo-te, ficamos juntos.

Drika Gomes

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Nas teias

Ainda envolta nas teias do meu pensamento… Esse emaranhado tão bem traçado que eu sei, quer me levar para algum lugar, mostrar alguma direção. É mistério. Eu espero. Sinto. Ouço. Duvido. Chove quase sempre, é noite. Meu horizonte vazio, somente enxergo essas teias e tento encontrar a lógica. Não quero o meio de nada, procuro as extremidades. O centro me puxa como um imã  atrai  metal. Fujo. Esforço-me. Ainda não cansei. Estar no meio é ser alvo fácil. É morte. Sou a vida tentando escapar da armadilha. Drika Gomes

Quem resiste?

Quem resiste, quando insiste? O ponto precisa da reta A letra precisa da frase O poema, do poeta... Quem resiste? O gesto necessita da mão O vaso do artesão A flor, do seu botão... Quem resiste?

amor

    Meu coração que andava cansado e caminhava pela vida com olhos tristonhos encontrou a sombra dos braços seus, saciou a sede na sua boca, deitou no regalo do seu peito, repousou... No embalo doce do amor pensou que sonhava, mas meu coração estava de olhos abertos e fitava os seus.