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Pedi ao vento




Eu pedi que um vento te trouxesse, mas nem sei se pedi direito, talvez tenha pedido tão depressa que pudesse ter atravessado as palavras, ou tão lento que entre as sílabas ficassem espaços não preenchidos, dando assim um significado outro, quem sabe totalmente inverso daquilo que eu desejava.
E passou um vento, muito estranho, soprava quente e ascendente e subitamente tornava-se frio, indo em direção contrária, era como se o vento não conhecesse seu caminho. Me chamou a atenção toda aquela instabilidade, algum encanto mesmo que insano tomou conta do meu olhar e dos meus sentidos. Fui invadida. Permiti. Me perdi.




Descobri com o tempo que andar perdida é minha forma mais confusa de me encontrar e ao teu lado vou me perdendo e me encontrando num ritmo de valsa e muitas vezes de salsa, mas sempre num movimento constante que não permite que meu peito sossegue, nem que meus pensamentos repousem por um tempo que me faça entediar. Sei lá, vai ver que eu pedi certo ao vento, pois de alguma forma ele me trouxe exatamente o que eu queria, embora não aceitasse e não acreditasse. Os ventos conheciam minha alma.

Drika Gomes

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